terça-feira, 5 de julho de 2011

O síndrome do patinho feio


Era uma vez uma rapariga...
Há muitos muitos anos a "Cátia Vanessa" entrou na minha vida. Estavamos na primária, brincavamos juntas no recreio e chegou a sentar-se ao meu lado nas aulas. Não éramos as melhores amigas mas até nos davamos bem. O que a minha mente inocente de criança não reparou foi em pequenos sinais que passaram despercebidos na altura.

Veio o básico e a rapariguinha da primária desvaneceu-se. Esta Cátia Vanessa agora era bonita e popular, conhecem o estilo. Despertava atenção nos rapazes. Grande e com um corpo desenvolvido para a idade conseguia intimidar as outras pessoas usando a base da força. Tinha a perfeita noção disso e fazia-o. Quase todos a temiam. Acho que é aquilo a que hoje em dia chamam bullying.

Há um episódio em particular que me ficou retido na memória. No dia de aniversário de uma amiga minha ofereceram-lhe uns brincos azuis enormes, pouco atractivos, e ela andava com eles. A Cátia Vanessa não podia deixar passar a situação em branco e exigiu que todos começassem a tratar a minha amiga pelo nome de "paneleira dos brincos azuis". Não o fiz. Isto não a agradou então tive direito àquilo a que se pode chamar uma sessão de persuasão. Agarrou-me e encostou-me às redes. Não me largava enquanto não a começasse a tratar assim. Não o fiz. Acabou por desistir e eu pude ir ter com a minha amiga que estava num canto a chorar. A memória fica por aqui.

Ela estava em vantagem e nós éramos os patinhos feios porque nos sentíamos inferiores, não éramos os mais populares. Não conseguíamos perceber que por mais forte que ela fosse nós juntos éramos mais. Isso permitiu-lhe pensar que podia fazer o que queria e que só a opinião dela é que contava.

O que ela não sabia é que não há um final feliz para quem goza com o patinho feio. Que aquele pato não era feio, era diferente. Lá dentro estava um belo ganso o tempo todo. E isso é o que importa. O nosso interior dita quem somos, as nossas atitudes e escolhas definem-nos. Dentro dela havia escuridão e maldade.

Passados estes anos todos tenho-a visto. Hoje voltei a vê-la. A sua estrutura forte deu lugar a quilos e quilos de gordura. Não a cumprimento. Nem ela o faz a mim. Espero que depois de tanto tempo tenha mudado e aprendido a moral da história.

Muita gente já teve uma Cátia Vanessa na sua vida. Não o tolerem. Unam-se e sejam mais fortes. Ninguém é melhor que vocês. As vossas opiniões são tão válidas quanto as de qualquer pessoa, façam-se ouvir. Sejam fiéis às vossas convicções, respeitem os outros e vão ver que têm o vosso:

7 comentários:

alexandra disse...

a mim não tive nenhuma Cátia Vanessa na minha vida, porque sempre foi forte e desenrasquei-me quando alguém se metia comigo, mas quando era com rapazes tinha os meus manos para livrar deles.
Também sou uma pessoa sossegada e não gosto de confusões na minha vida.

Silvermist disse...

Things, os manos dão jeito para essas coisas ;)

Palco do tempo disse...

existem sempre umas "catia vanessa" na nossa vida :)

sara disse...

Eu sempre fui a mais pequenina da turma, já para não dizer da escola. Tive alguns problemas mas com rapazes, uma vez chegaram até a bater-me, mas pronto, ia sobrevivendo. Agora, são uns desgraçados, com o 6º ano e mal feito, nem nas obras arranjam trabalho, são uns miseráveis, horrorosos e olhados de lado por toda a gente, pelo seu aspecto. E eu? Safei-me, e cá vou andando. Respeitada por todos. Até por eles.

Ana FVP disse...

Acho que toda gente tem dessas histórias... Não me deixam saudades nenhumas.

Lux disse...

Bem querida, eu lembro-me que no secundário existiam umas miúdas, tipo de bairro, que não gostavam de mim nem da minha melhor amiga e chamavam-nos "betas" e coisas que tal... Mas como eu sempre fui mais esperta que elas, aliei-me, por estratégia, a um grupo de rapazes considerados os mais fortes da escola... Isto passou-se no tão famoso Carolinma Michaellis no Porto. Apartir daí, e como andava bastante com eles, nunca mais me voltaram a chamar o que quer que fosse... Só olhavam!
Anos depois, voltei a vê-las, novinhas, com muito mau aspecto e já com ranchos de filhos... Lembro-me de nesse dia estar trajada e mais uma vez me ter sentido muito superior a elas.
O curioso desta história, é que a inteligência pode ser bem superior à força física... Que elas tinham e eu não!

xoxo
Lux

Silvermist disse...

Palco do tempo, e é enxotá-las para fora da nossa vida :P

Parisca, que estúpidos! Mas deste a volta por cima e é o que interessa...

Ana FVP, nenhumas mesmo.

Lux, pôr o cérebro a funcionar é uma óptima maneira de contornar a situação. Acho que te safaste lindamente.